quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SIMBOLOS LAVRENSE

Idealizador: José Airton Teófilo dos Santos
Ano Criação: 1968



HINO DO MUNICÍPIO


Música: D’Alava Stella
Letra: Linhares Filho



ESTRIBILHO
Lavras, no amor dos teus filhos
Vives de bênçãos coberta,
E esse teu sol de áureos brilhos
Para a glória nos alerta.

Teu passado de lutas e penas
É penhor de inconteste grandeza.
Afagamos-te no íntimo, e acenas
Para o eterno, em mil sonhos acesa.

De ti sempre queremos ser dignos
Para, em festa, cantar-te louvores.
Não te embalem jamais os malignos,
Turbilhões de maus tempos e horrores.

ESTRIBILHO
Se teu Rio Salgado nos banha,
És a fonte que sempre sacia.
Teu encanto tem força tamanha,
Que nos dá, para alçar-te, energia.

Impedir o teu nobre destino
Força vil e cruel nunca possa.
Do Ceará se clarão matutino,
E que nunca esqueçamos que és nossa.

ESTRIBILHO
Cornucópia dourada de Ceres,
Os teus dons nos formaram o ser.
Com o ardor, com que o peito nos feres,
Prometemos florir teu viver.

Monolítico grito propagas
Pela boca o teu boqueirão:
É o amor o que pregam as fragas,
O que pregam a toda nação.

ESTRIBILHO.

CONTOS LAVRENSES

PADRE VERDEIXA


Em 1830, esteve à frente da Freguesia de São Vicente Férrer, na qualidade de vigário encomendado, o famoso e endiabrado Padre Alexandre Francisco Cerbelon Verdeixa que trouxe em polvorosa a pequena Vila das lavras. Escandalizou sua população, com atitudes arbitrárias e até obscenas, provenientes do seu gênio maléfico e sombrio.
Conta-se que o Pe. Verdeixa, após abençoar um matrimônio, em Lavras, dirigiu-se com a comitiva, a residência do pai da noiva, para participar do festim. Tomou parte, também, e a paisana, no sarau dançante. Bailando e rodopiando com a noiva, dava-lhe fortes umbigadas. O noivo e outros convidados expulsaram-no do recinto a pauladas. O levita silencioso escafedeu-se, transpondo, de um pulo, uma janela, e sumiu-se mata adentro. Era assim o desatinado Pe. Verdeixa. (Extraído do Livro “São Vicente das Lavras” de Joaryvar Macedo).
Outro conto do famoso Pe. Verdeixa era sua fama de levar cura para os doentes que visitava. Certa feita foi visitar uma mulher que estava com dificuldades para parir. Selou e montou no seu belo e bem cuidado cavalo alazão, seguiu para o sítio e lá chegando preparou um escapulário e colocou no pescoço da paciente, logo a criança nasceu. Então esse escapulário começou a ser levado e colocado no pescoço de doentes e por ironia do destino conseguiam a cura. Certa vez, um curioso quis saber o que existia dentro daquele pequeno pedaço de pano costurado e pendurado num cordão. Resolveu abrir, e para sua surpresa encontrou um pedaço de papel escrito os seguintes versos: “Eu passando bem com meu cavalo alazão, eu lá me importa que essa égua para ou não”.
Outras estórias que são peculiares de cidades do interior, e Lavras da Mangabeira não fugiu a regra, são as estórias de figuras lendárias, e mal-assombro que segundo a crendice popular, aparecem visões, fantasmas e almas do outro mundo. Contam que Dona Marica do Pe. Luis transformava-se, nas madrugadas das sextas-feiras, em uma ágil e possante mula a percorrer as estradas, ora escaramuçando, ora espojando-se. E muitas são as estórias de botijas no local do sobrado do Pe. Luis. Jamais, porém, alguém conseguiu desenterrá-las, pois os que tentaram fazer, altas horas da noite, se assombraram com a presença inesperada de um enorme cavalo, de um frade velho de barbas longas ou de um padre lançando labaredas pela boca. A estória de botijas é comum em todos os sítios das antigas e ricas famílias do lugar. Existem até quem diga já cavaram e encontraram riquezas, mas não pra si, sempre para os seus patrões. Toda cidade sabe que muitas foram às botijas encontradas no Sítio Tatu de propriedade de Dona Fideralina Augusto Lima, como em sua residência na cidade.




DONA FIDERALINA: NEGROS E CABRAS
(extraído do livro – Ensaios e Perfis – Joaryvar Macedo)

O Tatu, sítio de sua propriedade e sob o seu comando, apesar de apresentar uma paisagem peculiar, era semelhante a tantas outras da região, regularmente organizadas, com a casa-grande, a capela, o engenho, o açude e os casebres dos moradores, formando a central administrativa da atividade corriqueira do meio: a agropecuária. Entretanto, a referida capela, construção muito mais rara a época, nos sítios daquela zona, assim como a presença do negro, bem mais acentuada que nas demais propriedades, emprestavam ao Tatu um aspecto especial, configurando um latifúndio.
Em geral, nas conversações sobre Dona Fideralina, se lhe faz referência ao gosto ou costume de ter sempre muitos negros no Tatu. Esta particularidade da sua vida está comprovada, através so folclore poético da região. Velhas quadras populares, como estas:

O Tatu pra criar negro,
Sobradim pra criação,
São Francisco pra fuxico,
Calabaço pra algodão,
Caraíba é prata fina,
Suçuarana, ouro em pó,
Xiquexique, mala veia e o Tatu é negro só.

Cercado de negros e cabras as suas ordens, numa propriedade de ares latifundiários, detendo o poder supremo no seu município e influindo na política do Ceará, Dona Fideralina, descendente e ascendente de líderes políticos de reconhecido prestígio, transformou-se em símbolo do mandonismo sertanejo, numa das figuras de prol da história do coronelismo nordestino. Essencialmente vocacionada para o mister político, dotada de superior capacidade de liderança e dominação, forte, autoritária e brava, não seria de estranhar que sua influência extrapolasse, como de fato extrapolou, as fronteiras do seu reduto e se fizesse exercer sobre a região e o Estado.
Essa abrangente ascendência de mandona de Lavras da Mangabeira não poderia deixar de ser evidenciada, como seus negros e cabras, pela inspiração dos bardos sertanejos, intérpretes fiéis do pensamento do povo, como no caso desta sextilha, atribuída ao repentista Zé Pinto – José Pinto de Sá Barreto:

O Belém manda no Crato,
Padre Ciço no Juazeiro,
em Missão Velha Antônio Rosa,
Barbalha é Neco Ribeiro,
das Lavras Fideralina quer mandar no mundo inteiro.




MAIS UMA DO PADRE VERDEIXA
(Extraído do Livro Antologia de João Brígido – Jader de carvalho)


Um dia, o Padre Alexandre Verdeixa foi celebrar, no mato, um casamento. Como de costume seguiu-se a festa, Verdeixa que tinha confessado a noiva, foi a um canto do casebre, tomou um chifre de guardar tinta, e pondo-o na testa, saiu de baianar, fazendo – Monnn!... Monnn!... Aos pés do noivo, em forma de embigada, deixou cair o corno; e não se fez esperar, saltou na sela, e adeus noivas e noivado!


DONA FIDERALINA E SUA PARTICIPAÇÃO NA SEDIÇÃO DE 1914
(extraído do livro – Ensaios e Perfis – Joaryvar Macedo)


Tratando do assunto nas páginas de Padre Cícero, Mito e Realidade, Otacílio Anselmo informa que, não dispondo os sediciosos de Juazeiro de munição suficiente para uma luta prolongada, Floro Bartolomeu, principal comandante do movimento armado, esforçou-se por adquirir mais munição com os amigos e correligionários do Padre Cícero. Informa em artigo publicado no Unitário, de 17.07.1915, o dito Floro revelou haver Dona Fideralina remetido, naquela ocasião, cinco mil cartuchos.
Mas, para a vitória da sedição de 14, a notável matriarca, concorreu não apenas com munição, mas ainda com a coragem dos seus cabras. A propósito, o cantador Cego Aderaldo, versejando o acontecimento, não esqueceu:

Goizinho rolou no chão temendo a bala ferina, e quando ele conheceu que ali havia ruína, correu com medo dos cabras da Dona Fideralina.

A FORÇA DE DONA FIDERALINA.

A força que Dona Fideralina exercia em Lavras era de um verdadeiro coronel. A primeira foi 26 de novembro de 1907, quando seu filho, Cel. Honório Correia Lima, chefe do partido governista, foi deposto pela força do bacamarte de Dona Fideralina, que estava a frente do combate junto com seu filho Cel. Gustavo e o Intendente Municipal, Manoel José de Barros, por ela indicado para o cargo. Fato noticiado pelos jornais da época. O Cel. Honório ocupava largo espaço político com as posições conquistadas ao longo dos anos. Só esqueceu-se que aquela situação lhe fora propiciada por sua mãe, a quem cabia, de fato, o comando. A partir do momento em que Cel.Honório passou a divergir de Fideralina, foi forçado a deixar a chefia do partido. Foi deposto e substituído pelo irmão, Cel. Gustavo, detentor da confiança da mãe.
Do episódio da deposição de Honório deriva a briga de Fideralina com sua irmã Pombinha. Era privilégio da matriarca orientar os casamentos da família; destinou ela a Honório e Gustavo, as filhas de Pombinha, Petronila e Joaninha, primos em primeiro grau. E, para mal de Fideralina, o filho que ela escorraçara de Lavras era o genro preferido de pombinha, que jamais lhe perdoou a ofensa. Na primeira vez em que Fideralina perdeu o poder no município, para os rabelistas, a irmã atravessou a cidade de joelhos, em direção à igreja. Defronte ao altar de São Vicente, ficou beijando o chão em sinal de agradecimento. E quando, antes de morrer, Fideralina pediu a presença da irmã, obteve fria e dura resposta: “Se ela quer me pedir perdão, diga que perdôo”. Mas ir vê-la, diga que não vou.



TÁ AQUI QUE DONA FIDERALINA MANDOU!

Ildefonso Lacerda Leite, médico que logo depois de formado pela Faculdade do Rio de Janeiro, começou a exercer a profissão em Princesa, terra de seu pai, Luiz Leônidas Lacerda Leite, marido de Joana Augusto Leite, filha de Fideralina. Lá, Ildefonso casou-se com Dulce Campos, filha de um chefe político do município, Cel. Erasmo Alves Campos. Com esse casamento o doutor arranjou um inimigo, Manoel Florentino que desejava ter Dulce por esposa e enraivado ao vê-la se casar com um forasteiro juntou-se a José Policarpo, ex-aluno do Seminário da Paraíba e ligado ao vigário de Princesa, Pe. Manoel Raimundo Donato Pita e resolveu se vingar de Ildefonso. Em 6 de janeiro, feriado de Dia de Reis, Florentino e Policarpo mataram com uma punhalada no peito e um tiro no coração, o neto de Fideralina. O moço ia à farmácia providenciar remédios para aliviar aos antojos da mulher. Após o crime tentaram os criminosos enterrar o cadáver. Mas, por imperícia deixaram o corpo com os pés de fora. Vingança pior aguardava a dupla de assassinos!
Dona Fideralina reuniu no Sítio Tatu os cem cabras que havia conseguido juntar com a ajuda de outros coronéis da região. Tudo isso, para vingar a morte do seu neto. Ildefonso Lacerda Leite, assassinado em Princesa - Pb. A Velha Fideralina despachara seu estranho exército com a incumbência de lhe trazer as orelhas de cada um dos assassinos do neto. Não era à toa que se dizia nas Lavras que a velha do Tatu rezava toda noite num rosário feito das orelhas dos seus inimigos mortos. Depois dos seus cabras entrarem em Princesa e fazer o serviço, arrancaram as orelhas dos assassinos do neto da matriarca e disseram a célebre frase: "Tá aqui que Dona Fideralina mandou!". Esse crime de princesa, ocorrido em 1903, marca o início da projeção de Dona Fideralina para além dos sertões do Cariri, e a extensão da sua influência junto ao governo do Estado do Ceará.



FIDERALINA E SEU INIMIGO MONS. MICENO!

Herdeira de dois grandes chefes, acostumada ao poderio, não admitia oposição. Sendo preciso, esqueceria a religião e lutaria contra a Igreja. Mons. Miceno Clodoaldo Linhares, vigário em Lavras por 49 anos, de 1879 a 1925, que ousou opor-se a Fideralina, provou-lhe o ódio. Era conhecido pela sua retidão de caráter, pela facilidade para o discurso, tinha admiração do clero. Mas tinha uma mancha na vida. Quando jovem, tivera uma filha em Tauá. Fideralina levou a peito tornar público o erro do vigário. Mons. Miceno, ao partir de Lavras, profetizou que as crianças daquela época veriam a queda de Fideralina. Errou: Passou-se muito tempo até o dia em que ela, ou os seus, não conseguiram mais eleger o prefeito.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

DATAS COMEMORATIVAS

Coroação - maio/2007.



Na cidade de Lavras da Mangabeira existem mesmo três datas que podemos considerar comemorativas, ou seja, que são realmente festejadas com tudo que uma cidade de interior tem direito.

20 de agosto: Dia da Emancipação política do município. É uma semana de muita festa, de muitas inaugurações e a participação da Comunidade lavrense é maciça. No dia 20 de agosto, quando se encerra a semana tem sempre um grande show e a festa vai até o raiar do dia. Todos os eventos são realizados para o povo e tem como palco a rua.

05 de abril: Dia do Padroeiro, São Vicente Férrer, a Paróquia organiza quermesse, com barracas ao lado da Igreja, celebrações de missas, novenário, procissão, e todos os festejos que uma festa de Padroeiro deve promover.

31 de maio: Dia da Coroação de Nossa Senhora, é uma das maiores e das mais belas comemorações que um católico pode ver. Para Lavras é um dia de festa, o altar é armado em frente à Igreja, com uma decoração e um tema diferenciado a cada ano. O evento tem Hino Próprio, composto especialmente para a ocasião, a festa reúne toda a cidade em frente à Igreja Matriz. Vale a pena conferir.

PREFEITOS E CÂMARAS MUNICIPAIS


José Linhares




















Cel. João Augusto Lima


No Almanaque do Ceará, 1919 – De conformidade com a Lei n. 764, de 12 de agosto de 1904, os prefeitos são de livre nomeação do Presidente do Estado. E as Câmaras eleitas de 4 em 4 anos, pelo voto direto dos respectivos munícipes.
Relação de Prefeito e Vereadores DE 1916 a 1920:

Prefeito – Cel. Gustavo Augusto Lima
Câmara - Melchíades Pinto Nogueira – Presidente
Raimundo Nonato Bezerra – Vice-Presidente
Vereadores: Amâncio de Lacerda Leite
João Rodrigues da Fonseca Filho
Agácio Correia lima
José Ribeiro Crispim
Francisco Antônio Sobral
Joaquim Leite Teixeira
Raimundo Firmo de Sampaio.

No dia 27 de agosto de 1920, Francisco Correia Lima, é nomeado prefeito de Lavras, assumindo em 6 de setembro. Ele era filho de Major Ildefonso Correia Lima e Fideralina Augusto Lima, nasceu no dia 27 de fevereiro de 1859 em Lavras. Ficando, apenas, dois meses no cargo, foi demitido no dia 9 de novembro do mesmo ano. Passou o cargo para o sobrinho, Raimundo Augusto Lima, nomeado na mesma data.

No dia 9 de janeiro de 1922, uma inimizade familiar leva alguns membros a debater-se no centro da cidade, resultando casos fatais. Em conseqüência disso, o prefeito Raimundo Augusto Lima é afastado do cargo. É nomeado Melchíades Pinto Nogueira, pelo então Governador Justiniano de Serpa. Pela presidência da Câmara respondia Amâncio Lacerda Leite.

Filho de João Pinto Nogueira e Josefa Pinto Nogueira, Melchíades era irmão do primeiro intendente municipal de Lavras. Nasceu no Ico-Ce, no dia 10 de dezembro de 1872. O novo prefeito ficou no cargo até dezembro de 1923.
RELAÇÃO DE VEREADORES DE 1920 A 1924:

Vereadores:
Melchíades Pinto Nogueira – Presidente
Raimundo Nonato Bezerra – Vice-Presidente
Raimundo Firmo de Sampaio
Francisco Antônio Sobral
José Ribeiro Crispim
Manoel Alexandre de Moura
Manoel Antônio Gonçalves
Amâncio de Lacerda Leite
João Tavares Figueiras Filho.


Em 14 de dezembro de 1923, João Augusto Lima, foi nomeado prefeito de Lavras, permanecendo no cargo até 21 de setembro de 1926, quando pede exoneração para candidatar-se a prefeitura. No dia 15 de novembro de 1926, houve eleições para prefeito, embora não conste registro dos eleitos, no Almanaque do Ceará – 1927, o nome de João Augusto Lima está lá registrado como prefeito do município. Em 1928, quando um novo pleito acontece, desta vez seu irmão Raimundo Augusto Lima, foi eleito prefeito de Lavras, no pleito de 15 de novembro de 1928. A gestão termina em outubro de 1930, quando se dá a Revolução.
A administração do Cel. João Augusto Lima foi proveitosa, homem de grande influência e amizade com figuras importantes da época, podendo destacar o Presidente do Estado, Moreira da Rocha, o Deputado José Accioly, Francisco Sá, Floro Bartolomeu e Padre Cícero Romão Batista, com quem trocava correspondências.

Foi o Cel. João Augusto o fundador de Alagoinha, hoje Ipaumirim. No ano de 1919, fixou residência lá e com a família passou a residir em uma casa de frente a capela.

No município de Lavras, ele realizou a construção do Jardim Gustavo Augusto Lima, na Praça da Matriz; primeira energia elétrica implantada na cidade; instalação de cinema; aparelhamento completo da banda de música municipal; construção dos trechos de calçamento com pedra polifásica; rebaixamento de calçadas no perímetro urbano; construção de um açougue dentro do mercado público; reforma da barragem sobre o Rio Salgado; perfuração de um poço profundo em frente a cadeia pública para a instalação de um chafariz que foi inutilizado pela alta salinidade da água; reconstrução da Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

INTERVENTORES MUNICIPAIS (1930 – 1947)

Com a divulgação da Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas a Presidência do Governo Provisório, o Congresso foi fechado. Os presidentes dos Estados destituídos, ficando a administração pública centrada na pessoa do Presidente Vargas. Pra os estados foram nomeados interventores federais, a maior parte tenentes que, por sua vez, nomeavam os prefeitos nos municípios.
Para regulamentar o processo eleitoral do Brasil foi criada a Justiça Eleitoral, com o objetivo de estabelecer a democracia. No dia 24 de fevereiro de 1932, criado por Vargas o Código Eleitoral, e a instalação do Tribunal Superior Eleitoral, em 20 de maio do mesmo ano, e dos tribunais Regionais Eleitorais. O TRE do Ceará foi instalado em 2 de agosto de 1932.
O Decreto de Nº. 6, de 16 de outubro de 1930, destitui os prefeitos municipais e dissolve as respectivas Câmaras.
O Presidente do Estado do Ceará, Dr. Manuel do Nascimento Fernandes Távora, decreta a destituição dos Prefeitos e das Câmaras Municipais, nomeando interventores para administrar provisoriamente o município.
Com o processo de mudança instaurada em todo o país, os antigos dirigentes de Lavras, sofreram pressões, afastando alguns para municípios vizinhos com suas famílias. As oligarquias reprimidas passavam por momentos difíceis. Umas, sendo extintas, outras sobrevivendo penosamente.
O Interventor Federal do Ceará, Dr. Manoel do Nascimento Fernandes Távora (1930 a 1931), destituiu Raimundo Augusto Lima e nomeou Prefeito de Lavras, o Padre Raimundo Augusto Bezerra, em 16 de outubro de 1930. Padre Mundoca era lavrense, filho de Francisco da Silva Marques Bezerra e Olindina Augusto Bezerra, nasceu no dia 14 de setembro de 1874 e era Vigário da Paróquia de são Vicente Ferrer.
Em 20 de maio de 1931, foi exonerado a pedido e nomeado para substituí-lo o Tenente José Pinheiro Barreira, assumindo em 15 de junho daquele ano. Natural de Jaguaribe nasceu em 26 de março de 1899, era filho de José Lopes Barreira e Maria Claudina Pinheiro Barreira. A essa administração se deve um grande melhoramento para cidade. A construção da barragem sobre o Rio Salgado é um exemplo disso, inaugurada no dia 14 de agosto de 1932, documentada através de uma dissertação escolar da aluna Cira Bezerra, do Grupo Escolar de Lavras (esta informação está no livro da escritora lavrense, Rejane Augusto Gonçalves, p.109).

No dia 14 deste, no domingo as 5 horas da tarde, aconteceu a inauguração da barragem e da pracinha Tenente Barreira, porque foi ele quem a construiu, em benefício desta terra. Houve muitos discursos, tendo a palavra o Sr. José Linhares e dona Maria Luíza Lima, elogiando o Tenente Barreira. A inauguração foi iniciada com o Hino Nacional Brasileiro, depois falou o Tenente Barreira agradecendo a todos os que estavam presentes. Foi encerrada com o Hino do Ceará, muitos viças e palmas a inauguração da nossa barragem, pediu para acompanharem até a casa do vigário; chegando ali, todos se dispersaram, levando para casa ótima impressão.

Em 13 de agosto de 1933, o Tenente Barreira pede exoneração do cargo de Prefeito de Lavras, fio nomeado para substituí-lo o farmacêutico José Gonçalves Linhares pelo o Interventor Carneiro de Mendonça. Lavrense, José Linhares nasceu aos 23 de agosto de 1882, filho de Firmino Gonçalves Linhares e Josefa de Castro Linhares. A sua gestão termina no dia 09 de outubro de 1934, quando pede exoneração, voltando à direção da tradicional Farmácia Linhares.
Na mesma data, 9 de outubro de 1934, o Coronel Felipe Moreira Lima nomeia para prefeito de Lavras o advogado Dr. Manoel Pinheiro de Sousa. Natural de Senador Pompeu - CE, era filho de Israbel de Souza Pinheiro e Maria Joana Pinheiro, nascido aos 7 de dezembro de 1901. A data da sua exoneração não foi encontrada. Sabe-se que ele foi substituído pelo telegrama recebido em 14 de junho de 1935 que comunica a posse de João Augusto Lima para prefeito de Lavras.
O Governador Francisco de Menezes Pimentel, nomeia João Augusto Lima para prefeito de Lavras, em 5 de junho de 1935.
Com a criação da Justiça Eleitoral, os partidos políticos foram constituídos e as primeiras eleições foram realizadas. Em Lavras o diretório do Partido Social Democrático, foi assim composto:

Dr. Sérgio Augusto Banhos – Presidente
Amâncio Lacerda leite – Vice- Presidente
Eurico Benevides Teixeira – Tesoureiro
Agácio Correia Lima
Alexandre Benício Leite
Antão Carneiro de Oliveira
José Antônio Gonçalves
Vicente Furtado Menezes
Raimundo Gonçalves Linhares
José Lobo de Macedo – Diretores.


Foram designados delegados do PSD, pelo município de Lavras, Dr. Sérgio Augusto banhos, Mário Augusto de oliveira e Alexandre Benício, com direito a voto no Congresso Estadual do Partido, presidido pelo Deputado Manuel do Nascimento Fernandes Távora, para decidirem sobre as candidaturas a Presidência da República.
No dia 03 de maio de 1933, realizaram-se as eleições para formação da Assembléia Nacional Constituinte e aos, 14 de outubro de 1934, para Câmara Federal e para Assembléia Estadual Constituinte. Lavras fez seu representante estadual, foi eleito o lavrense, Dr. João Augusto Bezerra, em 14 de outubro de 1934, pelo Partido Social Democrático.
Nas eleições municipais para a escolha de prefeitos e vereadores que ocorreram em 29 de março de 1936, Em lavras, o Cel. João Augusto Lima foi candidato pelo Partido republicano Progressista e Dr. Sérgio Banhos, pelo Partido Social Democrático. Compareceram as urnas 1.531 eleitores. Foram eleitos:

João Augusto Lima – Prefeito Municipal

Vereadores:

Cícero Oliveira Lemos
Joaquim Leite Teixeira
Joaquim Vicente Machado
Francisco Antônio Sobral
José Ferreira Viana
Izael Batista Nogueira
Alexandre Benício Leite
Agácio Correia Lima
Amâncio Lacerda Leite.

Com o golpe de Estado que se efetiva em novembro de 1937 o país volta a situação anterior, inclusive os estados e municípios governados por interventores. Também, é extinta a Justiça Eleitoral.
Devido ao retorno da antiga situação, é nomeado prefeito de Lavras pelo interventor Francisco Pimentel (1937 – 1945), no dia 26 de novembro de 1937, data da exoneração de João Augusto Lima, Dr. Vicente Férrer Augusto Lima. Foi longa sua administração; termina em novembro de 1945, quando finda a de Pimentel.
Em 1945 cai o Governo Vargas, era o fim da ditadura. Os Interventores estaduais e municipais continuam a governar até 1947, quando aconteceram as eleições para governador, em 19 de janeiro de 1947, e para prefeito em 7 de dezembro do mesmo ano.
O Interventor Benedito Augusto Carvalho nomeia Prefeito de Lavras Dr. Vicente Bessa, Juiz de Direito da Comarca. No dia 17 de dezembro, foi dispensado da comissão que vinha exercendo e nomeado o cidadão Alexandre Benício Leite, agricultor e comerciante, para o cargo de prefeito municipal de Lavras, em cuja função permaneceu até 20 de março do ano seguinte. Durante os dias 14 e 15 de dezembro, Osvaldo Férrer Sobrinho assume a prefeitura.
No dia 21 de março de 1946, Dr. Gustavo Augusto Lima, engenheiro-agrônomo, é nomeado para o cargo, pelo Interventor Dr, Pedro Firmeza. Um ano depois passou como prefeito de Lavras, assumindo o industrial Emar Matos Rolim, no dia 20 de março de 1947, nomeado pelo Governador Faustino de Albuquerque e Sousa.
FONTE: Rejane Monteiro Augusto Gonçalves.

SÃO JOÃO NO CREL - 1967


Em junho de 1967, eu e Zé Riler tivemos a idéia de realizar uma festa junina para os casais lavrenses. De repente, fomos acometidos da dúvida, será que iríamos motivar "os velhos" para essa festa? Então fizemos visitas de casa em casa formulando o convite e surpreendidos com a receptividade concluímos que a velhice é um estado de espírito e só se apossa das mentes que a permitem e toleram.
Finalmente, marcamos a festa junina no Clube Recreativo Lavrense. João Sobreira era prefeito e Antônio Machado era o Secretario Geral da Prefeitura e tinha grande poder de mando. Em conversa com ele falei que idealizara uma festa junina diferente, que desse espaço aos moços, mas também os casados e de maior idade. E ele, com o pragmatismo que lhe era peculiar, indagou: e por que não agora? Ao sentir firmeza em sua resposta logo lhe informei que o Clube Recreativo Lavrense não tinha uma mesa sequer, E ele respondeu: e porque não mandamos fazer!
Felizes com a resposta favorável e com o apoio da Prefeitura e da sociedade fomos, eu e Zé Riler a procura de Mauro Brasilino, firmamos contrato, e ele imediatamente começou a fazer mesas e cadeiras, em seguida, fui ao cedro em um veículo cedido pela Prefeitura e contratei Zé de Manu (o mesmo velho sanfoneiro que hoje toca aí, em Fortaleza, no Kucucaia).
Um fato pitoresco dentre outros: Quando a minoria esmagadora, contraria à organização da festa começou a botar as unhas de fora, iniciou com a alegativa de que a mesa era cara. Fomos socorridos pela verve de Severino Leite que respondendo a um interlocutor contrário e sempre bem humorado, envolveu os ensaios que eram, de fato, uma festa e no melhor "lavrês" argumentou "compadre, já faz mais de uma semana que nós vadeia e tu inda acha caro"? Nada mais disse e nem lhe foi perguntado. Dessa vez a festa aconteceria de qualquer jeito.
Tudo pronto e morre Hilda Augusto! Em face da cultura da época era cancelamento de festa à vista. Como o processo estava avançado e o entusiasmo havia tomado conta de quase todos, foi fácil convencê-los do contrário. Os ensaios era uma festa e a festa maior foi à junina realizada de fato no São Pedro, ocasião em que Antônio Machado disponibilizou o serviço de alto falantes da Prefeitura e o som foi difundido em toda cidade, de forma que nos bairros só se via o povo dançando com toda animação.
Hoje, sempre que escuto a música "Olha pro Céu" a saudade me dá um nó na goela e repito José de Alencar ao fechar o romance Iracema "Tudo passa sobre a terra. Realizada a festa nós deixamos nos cofres do clube 80000,00 (oitenta mil cruzeiros) para a diretoria da época, se não me engano presidida por Dr. Gustavo Augusto Lima de saudosa memória. A festa e o tempo passaram, mas ficaram as lembranças de uma cidade alegre e cheia de gente festiva.
A quadrilha do pessoal mais adulto tinha como pares, entre outros que possivelmente não recorde, os seguintes casais:
Zé Severo e Francisca;
Tenente Severiano e Dona Ana;
Antonio Machado e Maria Augusta;
Zé de Dori e Ana Lúzia;
Sandoval Freire e Neta;
João Alves e Anita Machado;
Severino Leite e a esposa;
Zuza Vasques e Maria Lina
Prof. Marcondes e Sônia Sampaio;
Walter Souza e Joísa;
Benevenuto Teles Couto e Marilê Almeida;
Chico Sobreira e Antonieta;
Zezé de Rosali e Francisquinha Guedes;
Zé Airton e Dorinha;
Gustavo Leite e Ismária Batista;
Alceu Caldos e Viciene;
Amauri Sá e Terezinha Souza;
Sr. Divino e Terezinha;
Raimundo Batista e Inêz Alves;
Fonte: Texto João Vicente Machado Sobrinho.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DICIONÁRIO LAVRÊS (“O ABC LÁ DE NÓS”)


APRESENTAÇÃO


No começo era só uma brincadeira. Quando encontrava com amigos lavrenses notava que o nosso modo de falar e as nossas expressões eram diferentes. Usávamos palavras que outros amigos não conheciam e até achavam engraçadas.
Daí comecei a anotar e pedir aos amigos que anotassem também. Logo percebi que existia um rico conjunto de palavras e expressões que estava incorporado à linguagem popular da região. Constatei, para minha surpresa, que algumas destas palavras constam no dicionário Aurélio, umas que por fazerem parte do português arcaico caíram em desuso e outras com significados diferentes (“Bisaco”, “Aboletar”, por exemplo).
Gostaria que este dicionário fosse lido com bastante atenção, pois assim o leitor poderá trazer um pouco de Lavras para onde quer que esteja, já que este dicionário é uma homenagem e uma prova de amor a Lavras e ao seu povo.

Fortaleza, 10 de Agosto de 1999.
Cristina Maria de Almeida Couto

"A "


ABALAIADO – Ficar em dúvida.
ABARCAR – Querer tudo de uma só vez.
ABIROBADO – Doido; pessoa que perdeu o senso.
ABOCANHAR – Pegar tudo para si.
ABOLETAR – Sentar muito acomodado; muito à vontade.
ABUFELAR – Agarrar para namorar ou para brigar.
ABURDUADA – Ser repreendida; chamada à atenção.
ABURDUAR – Esbarrar; dar de encontro com alguém.
ACABRAIADO – Pessoa mestiça.
ACABRUNHADO – Calado; triste.
ACANAIADO – Acanalhado; cheio de brincadeiras; metido a engraçadinho; pessoa engraçada.
ACERAR – Ficar sempre próximo de alguém para chegar-se a ela.
ACOITAR – Acatar com cumplicidade; ser cúmplice.
ACOLOIADO – Enturmado; amizade muito chegada.
ACULÁ – Naquele lugar; ali.
ACUVITEIRA – Cúmplice; cupido.
ADJITÓRIO – Ajuda.
AFIAR O BICO – Assobiar.
AFILOTAR – Ouriçado; agitado.
AFOITO – Pessoa destemida; corajosa; ter coragem.
AFOLOZAR – Muito folgado; alargado.
AFRUGANHADO – Arrepiado; agitado.
AGONIADO – Angustiado; agitado.
ALTEAR – Aumentar o volume.
ALUIR – Mover-se; movimentar-se; reagir.
ALVOROÇADO – Inquieto; agitado.
AMANCEBADO – Viver maritalmente; juntar-se.
AMANHECI COM A MUZENGA – Mal humorado; com muita raiva.
AMARELO ENSEBADO – Pessoa pálida; muito branca.
AMASSADO – Amarrotado.
AMUCAMBADO – O mesmo que AMUFAMBAR.
AMUCEGADO – Pendurado.
AMUFAMBAR – Guardar muito bem; entocar.
AMULEGAR – Apalpar;apertar.
AMURRINHADA – Sensação de febre.
ANCHO – Satisfeito; cheio de si.
APEAR – Parar; descer do cavalo.
APERRIADO – Em dificuldades financeiras.
APERRIAR – Encher a paciência; insistir.
APOQUENTADO – Nervoso; irritado.
APRAGATAR – Amarrotar; amassar; achatar.
A PULSO - À força.

ARENGUEIRA – Briguenta; birrenta; pessoa que procura confusão.
ARIADO – Perdido alheado.
ARIAR – Dar polimento em utensílios de alumínio.
ARREDAR – Sair da frente; dar passagem.
ARREGANHAR – Abrir demais.
ARREMEDAR – Repetir com escárnio o que uma outra pessoa está falando; imitar.
ARRIADO – Cansado.
ARRIADO OS QUATRO PNEUS – Apaixonado.
ARRIAR A MANDIOCA – Sentar.
ARRIAR A MASSA – Defecar.
ARRIBAR – Levantar-se; ir embora.
ARRILHIADO – Enfezado; irritado.
ARROCHADO (1) – Metido a valente.
ARROCHADO (2) – Algo muito apertado.
ARROMBADO – Quebrado financeiramente.
ARRUACEIRA – Sair muito; não parar em casa.
ARRUDEAR (1) – Dar volta; ao redor.
ARRUDEAR (2) – Falar dando voltas para chegar ao assunto principal.
ARRUMAÇÃO – Presepada; palhaçada; marmota.
ARRUPIADO – Arrepiado; despenteado.
AS PARTES – Baixo ventre; órgãos sexuais.
ASSANHADO – Despenteado.
ASSUNGAR – Subir.
ASSUNTAR – Investigar; espionar.
ATAIAR – Atalhar; ficar na frente de outro para impedir a passagem ou fazê-lo parar.
ATAJÉ – Prateleira usada para colocar santos ou “biscuit”.
ATAZANAR – Perturbar; encher o saco.
A TEMPO E A HORA – Prontidão
ATIÇAR O FOGO – Abanar o fogo pra fazer chamas.
ATROIADO – Burro; lesado; bobo.
ATUCALHAR – Ficar de tocaia; esperar; ficar a espreita.
ATUZIGAR – Encher a paciência de outro com palavras; sermão.
AVEXAR – Apressar.
AVOADO – Desligado.
AZÉIA – Asa da xícara; cabo de panela.
AZILADO – Gostar muito de.
AZINABRADO – Cheiro de cobre.
AZOGUE – Atrair; imã.
AZUADO – Perturbado.
AZUNHAR – Ferir com as unhas.


"B"

BABATAR – Andar no escuro a procura de algo; tatear.
BACURIM – Leitão; porco novo.
BADOQUE – Arco e flecha.
BALACUBACO – Festa grande; confusão.
BALADEIRA – Estilingue.
BALAÚ – Pilar; coluna.
BALECO – Lesado; abestado.
BALSEIRO – Muita coisa.
BAMBO (1) – Nem mole nem duro.
BAMBO (2) – Acertar sem querer.
BANANA MACHUCADA – Banana amassada com garfo ou batida com açúcar e canela.
BARRUAR – Esbarrar; colisão.
BARULHADO DO JUÍZO – Perturbado.
BATER CAIXA – Conversar; bater papo.
BATER PERNA – Andar muito; passear.
BEIÇO – Lábios; boca.
BEQUE – Lateral num jogo de futebol.
BIGURRILHO – Um tipo de brincadeira infantil.
BILAR – Prestar atenção; mirar; olhar.
BILOTO (1) – Hematoma.
BILOTO (2) – Saliência de barro.
BITACA – Ficar colado; andar sempre no pé de alguém.
BIZACO – Mesmo que BORNÓ; espécie de mochila.
BOA-BISCA (1) – Que não corresponde; que não se esperava.
BOA-BISCA (2) – Mau caráter.
BOLACHA – Biscoito.
BOLO DE CACO – Bolo feito com farinha de trigo; ovos e açúcar e frito em óleo.
BOMBEIRO – Frentista de postos de combustíveis.
BORNÓ – Bolsa que é levada em caças; bornal.
BORRÃO – Rascunho.
BOTAR GOSTO RUIM – Atrapalhar um negócio; colocar defeito; mau olhado.
BOTAR MACACO – Não deixar encostar.
BOTAR OLHADO – Inveja; botar olho gordo.
BOTICA DE OLHO – Olhar fixo em determinada direção.
BREADO – Melado; pegajoso.
BRECHA – Mostrar a roupa íntima ao sentar-se.
BREGUEÇO – Coisa velha; sem utilidade; quinquilharias.
BRENHA – Mato;floresta.
BREU – Escuridão.
BRIGA DE FOICE – Briga de grande porte e sangrenta.
BRIGUENTO – Pessoa que gosta de brigas.
BRINCAR DE CACARECO – Brincar com coisas velhas.
BRUACA – O mesmo que BOLO DE CACO.
BUCHO – Barriga; ventre.
BUDEJAR – Murmurar; reclamar baixinho.
BUJÃO (1) – Botijão de gás.
BUJÃO (2) – Pessoa muito gorda.
BUJINGANGA – O mesmo que BURUNDANGA.
BULÉIA – Bancos dianteiros do carro ou a cabina de caminhões e caminhonetes.
BULIÇOSA – Traquina; malina; pessoa que gosta de mexer nas coisas alheias.
BULINAR – Mexer no alheio; traquinar.
BULIR – Mexer; malinar; tocar.
BUNDA-CANASTA – Dar cambalhotas.
BURUNDANGA – Muitas coisas pequenas e de pouco utilidade.
BUTUCA – Estar em alerta; ouvir a conversa alheia.

"C"

CABEÇA VIRADA – Pessoa que está apaixonada e que faz coisas que não lhe são características.
CABEÇAR – Ganhar fácil.
CABIÇULINA – Pequena tampa de pitos de câmaras de ar de pneus de bicicleta que garantem a sua vedação.
CABREIRO – Pessoa esperta; desconfiada.
CABUÊTA – Dedo-duro; delator.
CACARECO – Coisa velha; sem utilidade.
CAEIRA – Muita coisa amontoada.
CAFIOTO – Pertences; objetos pessoais.
CAFURINGA – Pé rapado; um qualquer; zé-ninguém.
CAGADO E CUSPIDO – Tal e qual; idêntico.
CAGAR GOMA – Contar vantagem; auto-elogio.
CAIXA PREGA – Lugar muito longe; distante.
CALUNGA – Boneca; pessoa muito bonita.
CAMBITO – Perna fina.
CAMBOTA – Perna torta.
CANAIRMO – Brincadeiras engraçadas; algazarra.
CANGAPÉ – Golpe de capoeira feito dentro d’água.
CANGOTE – Pescoço; nuca.
CÃO COMENDO MARIOLA – Coisa ou pessoa muito feia.
CAPAR O GATO – Sair de fininho; sorrateiramente.
CAPUCHO – Pedaço de algodão.
CARA – Rosto; face.
CARÃO – Dar bronca.
CARISTIA – Inflação; alta nos preços.
CARITÓ – Não casar; ficar pra titia.
CARRAPETA – Girar feito peão.
CATABÍ – Oscilação do carro quando passa dentro de um buraco.
CATINGA – Mau cheiro.
CATOMBO – Hematoma muito grande.
CATREVAGEM – Porcaria; coisas velhas.
CAVAQUISTA – Fazer questão por algo; incomodar-se por pouca coisa.
CENTERFOR – Centroavante no jogo de futebol.
CEVADO – Gordo; muito forte.
CHAMBOQUE – Arrancar o pedaço; ferimento.
CHAPA (1) – Dentadura.
CHAPA (2) – Raios-X; radiografia.
CHAPULETA – Tapa; tabefe.
CHEIO DE MOCA – Cheio de besteiras; exigente.
CHEIO DE NÓ PELAS COSTAS – Pessoa enrolada; complicada.
CHEIO DE NOVE HORAS – Pessoa cheia de complicações.
CHEIO DOS PAUS – Bêbado; embriagado.
CHIBANCA (1) – Chicote para bater em animais.
CHIBANCA (2) – Ferramenta para arrancar tocos.
CHITA – Tecido de qualidade inferior; de baixo preço.
CHULIPA – O mesmo que CURRULEPE (1).
CHUPETA DE AÇÚCAR – Doce feito com açúcar, água; de diversos formatos tais como chupeta, cachimbo e outros.
CIGARRO À RETALHO – Cigarro no varejo; vendido por unidade.
CINTURÃO – Cinto.
COCÓ – Penteado no qual o cabelo fica todo preso; rabo-de-cavalo.
COCOROTE – Murro com as juntas dos dedos das mãos aplicado na cabeça.
COIÓ – Assobio com intenção de paquera.
COITÉ – Cabaça.
COIVARA (1) – Vara queimada para fazer lenha.
COIVARA (2) – Pessoa muito feia.
COLECIONADOR – Pasta para guardar papéis.
COMER COM FARINHA – Fazer algo facilmente.
COMER NO MESMO COXO – Em nível de igualdade.
CORRER OS BANHOS – Correr proclamas, papéis para casamento.
CRENTE QUE ESTÁ ABAFANDO – Cair no ridículo e achar que é o tal.
CROA – Centro, meio da cabeça.
CRUZETA – Cabide para pendurar roupas dentro do guarda-roupa.
CUBAR – Ficar na espreita, vigiar.
CUCURUTA – Parte mais alta da cabeça.
CU-DE-BOI – Confusão.
CUMIEIRA – Parte mais alta da casa.
CURIAR – Olhar com curiosidade; espiar.
CURICACA – VER
CURRIOLA – Turma de amigos.
CURRULEPE (1) – Tapa na orelha.
CURRULEPE (2) – Chinela de couro.
CURURU – Sapo grande.
CUTRUCO – Som de uma pancada; batida forte. Usado quando que uma coisa não saiu como se esperava, com sentido de: “lascou-se”.
CUTRUVIA – Meretriz.
CUXIA – O cigarro quando chega ao fim; no filtro.

"D"

D’ÁGUA NO SAL – Sem graça; sem gosto; sem encantos.
DADA – Simpática; agradável; prestativa.
DANÇAR DE FEIÇÃO – Dançar sempre com o mesmo par.
DAQUI PRALI – Logo; de imediato.
DAR CABIMENTO – Dar espaço para brincadeiras de mau gosto.
DAR COM A MÃO – Dar adeus; acenar pra alguém.
DAR DE GARRA – Agarrar com vontade; com força.
DAR FÉ – Reparar; prestar atenção.
DAR LIBERDADE – Dar trela; desrespeito.
DAR LÍNGUA – Fazer careta; mostrando a língua.
DAR NO COURO – Conseguir transar.
DAR RASTEIRA – Enganar; ludibriar.
DAR TRELA – Dar corda; alimentar uma conversa.
DAR UM AGRADO – Dar uma gorjeta.
DAR UM PITO – Dar bronca.
DE CABO A RABO – Do começo ao fim.
DE FRONTE – De frente.
DE FROZOR – Desocupado; à toa.
DE HOJE A OITO – Daqui a uma semana.
DE HOJE A QUINZE – Daqui a quinze dias.
DE JEITO NEM QUALIDADE – De forma alguma.
DE RUMA – Muito; de montão.
DEBAIXO DA SAIA – Sob a proteção de alguém.
DEBAIXO DE CHUVA – Sair na chuva sem agasalho e guarda-chuva.
DEBREAR – Frear; brecar.
DENTE QUEIRO – Dente siso.
DEPENDURADO – Pendurado.
DERRIAR – Inclinar.
DERRUBADO – Pessoa de pouco valor; lugar ruim.
DESANDAR – Perder o ponto da massa (bolo, pão, etc.).
DESAPARTAR – Separar.
DESARRANJADA – Dor de barriga; diarréia.
DESBOCADO – Pessoa que fala muito palavrão.
DESBUIAR (1) – Contar uma história; sem rodeios; do começo ao fim.
DESBUIAR (2) – Tirar da palha ou vargem (milho, feijão, etc.).
DESCADEIRADA – Cansada; dolorida.
DESCAMBAR – Sair sem rumo.
DESCANSAR – Parir; dar a luz.
DESCARADO – Sem vergonha; safado.
DESCOMPOR – Esculhambar; dizer desaforos.
DESEMBESTADO – Apressado; correndo.
DESEMBORCAR – Desvirar.
DESEMBREGUENHADO – Maltrapilho; desarrumado; mal vestido.
DESENCHER – Esvaziar.
DESENXAVIDO – Fraco; sem sabor; sem graça.
DESINGONÇADO – Desajeitado; sem muita coordenação motora; desastrado.
DESLEIXADO – Sem cuidado; desarrumado.
DESMANTELADO (1) – Coisa ou aparelho elétrico quebrado; sem funcionar; precisando de conserto.
DESMANTELADO (2) – Mal vestido.
DESMILINGUIDO – Sem graça; sem atrativos; desajeitado.
DESMIOLADO – Sem juízo.
DESPACHADO – Desinibido.
DESPENCAR – Cair.
DESPINGUELADO – Desmantelado; desarrumado; sem jeito.
DESPIROCADO – Maluco; doido.
DESTÁ – Você vai ver!...
DESTABACADO – Dirigir em alta velocidade.
DESTEMPERADA (1) – Sair subitamente.
DESTEMPERADA (2) – Pessoa de temperamento inconstante.
DESTRAMBELHADO – Desarrumado; desajeitado; estabanado.
DESTROCAR – Trocar dinheiro (notas de valores mais altos por notas de valores menores).
DESUNERADO – Não deu o ponto (em bolos, pães, etc); não deu certo (algo ou negócio).
DEU FÉ – Olhar; notar; prestar atenção.
DICUNFORÇA – Muito forte; com muita força; sem pena.
DIFRUSSO – Gripe ou dor de barriga.
DIGAÍ – “O que é que há?”; “Como vai você?”.
DOR DE CORNO – Dor de cotovelo.
DOR DE VIADO – Dor debaixo da costela.
DOR NAS CRUZ – Dor nas costas; na altura dos pulmões.
DORDOLHO – Inflamação nos olhos.

"E"

EM CIMA DAS BUCHA – Imediatamente; em cima da hora.
EMBORCAR – Virar de cabeça; de bruços; de boca para baixo.
EMPACHADO – Mal estar estomacal por ter comido além da conta.
EMPALHAR – Tomar o tempo de alguém com bobagens.
EMPANZINADO – Muito cheio de comida; mal estar.
EMPARELHAR – Ficar lado a lado com alguém.
EMPATAR – Atrapalhar; perturbar.
EMPELEITAR – Empreitada; acerto de trabalho.
EMPENCAR – Muito; em grande quantidade.
EMPERERAR – Não crescer.
EMPESTADO – Infestado; cheio de alguma coisa; abundância de algo.
EMPOMBADO – Com manchas pelo corpo.
ENCAFIFAR – Ficar intrigado; em dúvida.
ENCAMBITADO – Andar ou ter amizade sempre com a mesma pessoa.
ENCANGAR – Ficar junto; atrás do outro.
ENCARCAR – Enfiar apertado para caber mais; socando.
ENCARDIR (1) – Fazer raiva.
ENCARDIR (2) – Roupa mal lavada.
ENCARNADO – Vermelho.
ENCARRIAR – Um após o outro; em seguida.
ENCASQUETAR – Impressionar; botar na cabeça; cismar.
ENCOSTO – Feitiço; influência espiritual.
ENCRUAR – Não resolver; não dar certo; não crescer; continuar pequeno; de baixa estatura.
ENCURTAR A CONVERSA – Resumir; finalizar uma história.
ENFEZAR – Fazer raiva; birra.
ENFIAR BUFA EM CORDÃO – Ficar à toa; sem fazer nada.
ENFURNADO – Preso; bem guardado.
ENGABELAR – Enganar; tirar proveito; enrolar.
ENGANCHAR –Não passar; ficar preso.
ENGEMBRADO – Torto.
ENGOMAR – Passar a roupa com ferro elétrico.
ENRICAR – Ficar rico; enriquecer.
ENROLAR (1) – Passar a perna; ludibriar; enganar.
ENROLAR (2) – Embrulhar.
ENSEBADO – Brilhando de suro; oleoso; besuntado.
ENTALAR (1) – Engasgar.
ENTALAR (2) – Ficar preso em algum local; não passar.
ENTOJADO – Abusado, chato; enjoado.
ENTONAR – Dar demais.
ENTUPIDO – Com prisão de ventre; sem respirar pelo nariz normalmente.
ENTRAR DE EITO – Entrar de súbito; sem cuidados.
ENTRUPICAR (1) – Andar meio tonto; trôpego.
ENTRUPICAR (2) – Tropeçar.
ENXERIDO – Que se intromete naquilo que não lhe diz respeito; intrometido.
ESBAFORIDA – Muito cansada e com calor.
ESBARRAR – Parar em cima; freio brusco.
ESBORROTAR – Encher até transbordar.
ESBREGUE – Carão; bronca.
ESBUDEGAR – Estragar; arrebentar; desmantelar.
ESCACAVIAR – Procurar minuciosamente algo; mexendo e revirando em tudo.
ESCAMBICHADO – Muito cansado; dolorido.
ESCANCARAR – Abrir demais.
ESCANCHAR – Montar; ficar em cima de.
ESCANCHELADO – Aberto demais; desmontado.
ESCANGOTAR – Virar muito o pescoço para trás.
ESCAPULIR – Fugir; sair sorrateiramente.
ESCORNADO – Muito cansado.
ESCORRIMENTO – Corrimento vaginal.
ESCRUVUTIAR – Andar muito; passear.
ESCURRUPICHADO – Definhado; escorrido; acabado; sem graça.
ESMOLÉR – Mendigo; pedinte.
ESMURICIDA – Sem coragem; sem ânimo.
ESPALITAR OS DENTES – Palitar os dentes.
ESPATIFAR – Espalhar.
ESPICHAR – Estirar demais.
ESPILICUTE – Espevitada; precoce.
ESPINHAÇO – As costas; coluna vertebral.
ESPINHELA – Coluna; espinha dorsal.
ESPINHELA CAÍDA – Dor nas costas; na coluna.
ESPRITADA – Danada; levada; peralta; travessa.
ESTATALAR – Queda; tombo muito grande; esparramando-se no chão.
ESTRAMBÓLICO – Coisa esquisita; incomum.
ESTRIPULIA – Barulho; desordem; confusão; astúcia.
ESTRUPIADO – Muito cansado; após andar demais.
ESTRUPÍCIO (1) – Desordem; desmantelo; alvoroço; confusão.
ESTRUPÍCIO (2) – Pessoa muito feia.


"F"

FAZER UM BACULEJO – Roubar; furtar.
FALADA – Pessoa mal vista; que não tem boa reputação.
FALENÇA – Mal-estar; sensação de desmaio.
FARDA – Uniforme escolar ou de trabalho.
FAREJAR – Procurar sentir a presença de algo ou alguém.
FARNIZIM – Angústia; agonia; mal-estar.
FATO – Tripa; intestino.
FAZ BEM UMA HORA – Há uma hora.
FAZENDA – Tecido; pano.
FAZER COISA FEIA – Transar ou fazer as preliminares do ato sexual.
FAZER IMORALIDADE – Mesmo que FAZER COISA FEIA.
FAZER O BALÃO – Fazer o retorno no trânsito.
FAZER UM FURO – Fazer um buraco em algo.
FELA DA GAITA – Filho da puta.
FIAPAR – Sair rapidamente de um local; sorrateiramente.
FIAPO – Pedaço de linha.
FICAR DE GRANDE – Ficar por cima; na maior; levar a melhor em uma situação.
FILHÓIS – Salgadinho feito com goma e frito.
FINCA PÉ – Correr atrás propósito.
FINTAR – Enrolar; ludibriar.
FOGUETADO – Bêbado; embriagado.
FOI DO TEMPO – Há muito tempo atrás; antigamente; geralmente algo extinto ou em desuso.
FONTE – Fronte; parte lateral frontal da cabeça; laterais da testa.
FÔRGO – Fôlego; respirar.
FÓSCO – Fósforo.
FRASCO – Qualquer tipo de recipiente de vidro.
FRASQUEIRA – Valise; bolsa de mãos para viagens onde são guardados produtos para higiene pessoal; perfumarias e cosméticos.
FREJE (1) – Desarrumação; bagunça.
FREJE (2) – Prostíbulo; cabaré.
FRISAR – Cachear os cabelos com uso de produtos químicos; fazer permanente.
FRIVIÃO – Inquietação; ansiedade.
FRIVIAR – Bolinar; malinar.
FUÁ – Muita coisa disposta de forma desorganizada.
FUAMPA – Pessoa de baixo nível cultural e social; de pouco valor.
FUBANA – Meretriz; prostituta.
FUBAZENTO – Acinzentado; esmaecido.
FUBENTO – Desbotado.
FUBICA – Carro velho.
FULEIRO (1) – Pessoa brincalhona e engraçada.
FULEIRO (2) – Algo de pouco valor.
FUMANDO NUMA QUENGA – Com muita raiva; irado.
FUNARÉ – Bagunça; desorganização.
FURDUNÇO – Confusão.
FURICO – Ânus; cu.
FUSSURA – Cara do porco.
FUTE – Estar com o demônio no corpo; endiabrado; muito danado; diabo.
FUTRICAR – Aperrear; encher o saco.
FUTUCAR – Mexer; bolinar; malinar.
FUXICO – Fofoca; intriga; mexerico.
FUZUÊ – Confusão.

"G"

GAIA – Chifre; relativo a corno.
GAITADA – Gargalhada; risada alta.
GALALAU – Pessoa muito magra e alta.
GALO – Hematoma na cabeça; formado por pancada.
GANHAR O MUNDO – Sair a esmo; sem saber o destino.
GANHANDO FOGO – Calor; Muito quente.
GARAPA (1) – Água com açúcar.
GARAPA (2) – Facilidade; moleza.
GASGUITA – Pessoa que fala muito alto; estridente; com a voz fina.
GASTURA (1) – Mal-estar; enjôo.
GASTURA (2) – Nervoso.
GAZO – Albino; pessoa muito loira.
GOELA – Garganta.
GOGÓ – Garganta; relativo à voz.
GOGUENTO – Gripe muito forte; com muita secreção (catarro) no tórax.
GOIABÃO – Rapaz velho; solteirão.
GOIPE – Ferimento; corte.
GRUDADO – Sujo.
GRUDENTO – Pegajoso.
GUARDA-LOUÇA – Armário; buffet.
GUIZADO – Espécie de brincadeira infantil em que as crianças cozinham no quintal; geralmente em fogueiras.
GUREJAR – Desejar algo com o olhar.


"I"

IMÃ – Chamar pra beber.
IMPANZINADO – Barriga cheia.
IMPAXADA – Mal-estar; estômago cheio.
IMPINJAR – Tentar provocar uma briga com alguém.
INCENDIANDO O MUNDO – Perfume muito forte.
INCRICRIAR – Encolher.
INCRUZAR – Cruzar as pernas ou com as pernas.
INGUIRIZIA – Confusão; questão.
INHACA – Cheiro ruim.
INJIADO – Amassado; amarrotado; enrugado.
INRREDAR – Fuxicar; fazer fofoca.
INSTANTÂNEO – Foto; retrato.
INTANGUIDO – Cheio de gazes.
INTIRIÇAR – Todo duro; fazer pose.
INTRIGADO – Cortar relações com alguém; ficar de mal.
INTROMETIDA – Metida.
INTUPIGAITAR – Entrar de vez; súbita e apressadamente.
INXIRIDA – Pessoa metida.
ISTRUIR – Desperdiçar; estragar.


"J"

JABEBEU – Obeso; gordo.
JABURU – Pessoa feia; desconforme.
JALECO – Paletó.
JEGUE – Pessoa de pouca inteligência.
JIQUÍ – Apertado; muito justo; pequeno.
JOGAR NO MATO – Jogar no lixo.
JUDIAR – Maltratar.
JUMENTA – Pessoa bruta; sem modos.
JURURU – Triste; cabisbaixo.

"L"

LÁ DE NÓS – Conterrâneo; lavrense.
LÁ NA CHINA – Lugar muito longe; grande distância.
LÁ NO CRATO – Relativo a tudo que é bonito e bom.
LÁ NELE – Em outra pessoa; não na pessoa que está falando.
LABASSÉ – Confusão; desordem.
LALAU – Ladrão; larápio.
LAMBISGÓIA – Mulher sem graça; sem encantos.
LAPA NO CHÃO – Descalço; não usar sandálias.
LAPISEIRA – Apontador de lápis.
LASTRADO – Muito cheio; em profusão.
LATUMIA – Lamento; pessimismo.
LAVAR A ÉGUA – Se dar bem.
LENGALENGA – Algo que não tem fim.
LESADO – Bobo; tolo.
LESEIRA – Preguiça.
LEVAR CHECHO – Ser enganado.
LINHEIRA – Reta.
LISO, LESO E LOUCO; COMPRANDO FIADO E PEDINDO O TROCO – Sem dinheiro.
LOCA – Buraco.
LUNDUM – Mau humor, cara feia.

"M"

MACACA - Brincadeira infantil; o mesmo que amarelinha.
MACHO E FÊMEA – Lésbica.
MADA – Placenta de animal.
MAGOAR – Machucar um local já machucado.
MAGOTE – Muita gente; turma.
MAIS EU – Ir comigo.
MAIS NUNCA – Nunca mais.
MALAFROJADA – Vestida em roupas surradas.
MALAMANHADO – Mal vestido.
MALASSADA – Omelete.
MALDAR – Agir ou concluir com malícia.
MALFAZEJO – Pessoa de índole má.
MALINAR – Mexer em coisas alheias; bisbilhotar; traquinar.
MALINO – Criança inquieta, que mexe em tudo; pessoa que malina.
MALUVIDO – Desobediente; traquino.
MANGAÍ – Petisco; beliscar alimentos fora dos horários das refeições.
MANGAR – Fazer pouco de alguém; criticar; ridicularizar alguém.
MANZAPO – Bola de angu.
MÃO DE RATO – Ladrão; larápio.
MARMOTA – Pessoa ou coisa feia e cafona; ridícula.
MARRETEIRO – Caloteiro; trambiqueiro; aproveitador.
MASSAROCA – Cabelo despenteado; assanhado.
MATRACA – Pessoa que fala demais.
MATUTAR – Pensar; meditar.
MEDONHO (1) – Coisa grande demais; avantajada.
MEDONHO (2) – Muito danado.
MEEIRO – Sócio.
ME-FIAR – Confiar em alguém.
MEIO REAL – Cinqüenta centavos.
MELADO – Bêbado; cheio de cachaça.
MELAR (1) – Embriagar.
MELAR (2) – Sujar.
MERENDA – Lanche.
MIOLO DE POTE – Papo furado.
MIUÇADA – Miudezas.
MÔCA – Surda.
MOCORONGO – Desajeitado.
MÓI – Muito; parelha.
MOIGADA – Triste; sem graça; desanimada.
MONDRONGO – Hematoma.
MORTA-FOME – Esfomeada; gulosa; avarenta.
MOTOCA – Moto; motocicleta.
MOVIMENTO – Confusão; animação.
MUCUÍM – Mosquito muito pequeno.
MULAMBUDA – Vestida em trapos.
MUNGANGA – Careta.
MUNTURO – Lugar para jogar lixo; quintal; terreno baldio.
MUQUIFO – Lugar pequeno e desarrumado.
MUZENGA – Mau humor.

"N"

NA BIELA – Por um triz.
NA PEINHA DE NADA – Mesmo que NA BIELA.
NA PINDAÍBA – Na pior; sem grana.
NA RABADA – Último; no final; derradeiro.
NAIGADA – Um pouquinho; um pedacinho.
NÃO CONTAR CONVERSA – Não perder tempo.
NÃO DAR UM PIO – Ficar calado; mudo; não falar.
NÃO DAR VENCIMENTO – Não dar conta de algo; ter algo em excesso.
NÃO TEM NO CU QUE O PRIQUITO ROA – Pessoa sem posses e metida a importante.
NAS MOITAS – Segredo.
NAS QUEBRADAS – Esconderijo.
NO CALCANHAR DO JUDAS – Lugar muito longe; de difícil acesso.
NO OCO DO MUNDO – Paradeiro desconhecido.
NO OCO DO PAU – Escondido.
NÓ-CEGO – Pessoa complicada.
NOITE DE FESTA – Natal; festividades de final de ano.
NOS CAFUNDÓ DO JUDAS – O mesmo que NO CALCANHAR DO JUDAS.

"O"

OFENDER – Fazer mal; indigestão.
OFERECIDA – Mulher que se joga para os homens.
OI DOS PAU – Parte mais alta da árvore.
OIÇAS – A audição.
OITÃO – Calçada alta em uma esquina.
OJERIZA – Antipatia; aversão.
ONTONTE – Antes de ontem; há dois dias.
OS CABA – Grupo de amigos; “os cabras”.
OS QUARTO TREPADO – Ancas salientes; alta.
OSSO DO MUCUMBU – Cóccix; osso do final da coluna vertebral.
OVEIRO BAIXO – Pessoa da bunda baixa.

"P"

PABULAGEM – Contar vantagens; contar riqueza.
PALAVRIADO – Vocabulário próprio de uma região.
PALEIÊNTA – Pessoa exigente.
PALUXIO – Pessoa cheia de frescura.
PAMPA – Pessoa com manchas brancas na pele; vitiligo.
PAPAFIGO – Bicho-papão.
PAPEIRA – Caxumba.
PARAPEITO – Soleira de janela ou parte alta que sirva de assento.
PARICEIRA – Parceira; comparsa.
PARIDAS – Rabanadas; fatias douradas.
PARTIDO BOM – Rapaz de futuro; rico.
PASSAMENTO – Desmaio.
PASSAR BABAU – Enganar; ludibriar.
PASSAR PRECISÃO – Aperto financeiro; pouco dinheiro.
PASTORAR – Vigiar; prestar atenção.
PATAMAR – Pátio de igrejas.
PAU DA VENTA – Osso do nariz.
PÉ DE PAU – Árvore.
PÉ RAPADO – Pessoa pobre.
PEGANDO MARRECA – Calça comprida na altura do tornozelo; curta.
PEGAR BIGU – Pegar carona.
PEGAR MORCEGO – Andar pendurado atrás de caminhão ou carroça.
PEGAR PELAS BITACA – Pegar pela gola da camisa.
PEGAR UMA APOSTA – Fazer uma aposta.
PEGUENTO – Sujo; pegajoso.
PEIA – Surra; sova.
PÉÍA DE CARNE – Pele de carne; aparas.
PEITAR – Esbarrar; barruar; ir de encontro e bater.
PELEJAR – Insistir.
PENCA – Muitas coisas juntas.
PENDENGA – Coisa pendente; questão; processo na justiça.
PENSA – Torta; inclinada.
PERAINDA – Espere um momento.
PERDER A HONRA – Deixar de ser virgem.
PERNOITAR – Passar a noite.
PESQUEIRO – Tapa na orelha.
PIA A CARA! – Olha!
PICHILINGA – Inseto muito pequeno.
PINGO DA MEIDIA – Meio-dia; doze horas da manhã.
PINGUELO – Clitóris.
PINHA – Ata; fruta do conde.
PINICAR – Latejar; coçar.
PINOTAR – Pular.
PIOLA – Ponta de cigarro; resto.
PIRÔLA – Chilique.
PIRUGALO – Brincadeira infantil; esconde-esconde.
PITÓ – Rabo-de-cavalo.
PLANTAR NA TESTA – Jogar algo em direção ao rosto.
PÓ – Talco.
POSSA SER – Pode ser.
POTOCA – Dizer besteiras; conversas tolas.
PRASTADA – Coisa achatada.
PRECUNDIA – Tristeza; angústia; mau presságio.
PRESEPADA – Palhaçada; marmota.
PUÍA – Jogar conversa fora.

"Q"

QUADRADO – Cercado para bebês.
QUANDO ACABAR – Além de tudo; além do mais; afinal; no final das contas.
QUARTINHA – Moringa.
QUE DIABO É ISSO? – O que está acontecendo?
QUEBRANTO – Mau olhado.
QUEBRAR – Dobrar a esquina.
QUEBRAR O POTE – Menstruar pela primeira vez.
QUEIMA – Vender barato; promoção.
QUEIXADA – Mandíbula.
QUENGA – Meretriz; prostituta.
QUENGO – Cabeça; crânio.
QUENTURA – Calor.
QUIQUIQUI-CÁCÁCÁ – Referente à risada de alguém.

"R"

RABO DA GATA – Cabaré.
RABO DE BURRO – Tarado.
RABO DE GALO – Tipo de cachaça.
RADIOLA – Vitrola; som para tocar LP.
RAME-RAME – Algo estagnado; lengalenga.
REBOLAR NO MATO – Jogar no lixo.
RECA – Turma.
REIMOSO – Qualidade de certas comidas; que podem fazer mal; desencadeando algum processo inflamatório.
RELAR – Arranhar.
REMANCHÃO – Lento; vagaroso.
REMEDAR – Imitar.
REMELA – Secreção dos olhos.
REPARAR – Prestar atenção; observar.
REPARE! – Olha só! Veja!
RESMUNGAR – Reclamar sussurrando.
REVESTRÉS – De mau jeito ou de qualquer jeito; mal feito.
REZINGAR – Pechinchar, pedir menor preço; barganhar.
RIBULIÇO – Confusão.
RIDIMUNHO – Ventania; redemoinho.
RIRRI – Zíper.
RODADO – Pessoa experiente; vivida.
RODAGE – Estrada; com asfalto.
ROLÉTA – Briga de murros; corpo a corpo.
ROMBUDO – Sem ponta.
RONXA – Pancada; mancha arroxeada; hematoma.
RUDILHA – Pano de prato.
RUMA – Em grande quantidade.
RUMBORA! – Vamos!

"S"

SABACU – Empurrão muito forte.
SACUDIR – Tirar a poeira; limpar.
SACULEJAR – Balançar; chacoalhar.
SAÍDO – Aquele que gosta de aparecer; de ser o centro das atenções.
SAIR AZUADA – Desnorteada.
SAIR QUE O RABO ERA UM REI – Sair precipitadamente; de forma apressada.
SALAVANCO – Solavanco; movimento do carro em buracos.
SALTO MORTAL – Mergulho de lugar muito alto; perigoso; dando piruetas.
SE ABRIR – Sorrir.
SE AMOSTRAR – Querer aparecer; ficar em destaque.
SE ARROMBAR – Se dar mal; quebrar a cara.
SE OMBREIRA – Se iguala; ficar no mesmo nível.
SEBOSEIRA – Imundície; sujeira.
SEGURAR VELA – Tomar conta de um namoro.
SIBITO – Pessoa muito magra.
SINTINA – Vaso sanitário.
SÓ NO CRATO – Metido a besta.
SÓ OS QUEIXOS – Pessoa envelhecida precocemente; depauperada; acabada; muito magra.
SÓ UM TRISCO – Um pouco; por um fio; quase nada.
SOCADO (1) – Cheio; entupido; lotado.
SOCADO (2) – Enfiado em algum lugar por muito tempo.
SOLTA DE CANGA E CORDA – Livre; solta demais; sem dono.
SOLTO NA BURAQUEIRA – À vontade; livre para o que der e vier.
SÔPA – Ônibus.
SUPAPO – Puxar com muita força algo ou alguém.
SURRUPIAR – Roubar; furtar.
SUSTANÇA – Nutrição.
SUVACO – Axila.

"T"

TÁ DE BOI – Menstruada.
TÁ DE BUCHO – Grávida.
TÁ NA PINDAÍBA – Sem grana.
TABACO – Ânus.
TABEFE – Tapa.
TACO – Pedaço.
TAMBURETE – Banco pequeno.
TANJER – Espantar; levando para um outro local.
TAQUINHO – Pedacinho.
TERNANTONTE – Há três dias.
TERTULHA – Festa realizada em residências.
TEXTO – Tampa de panela.
TIBUNGO – Mergulho.
TININDO – Apertado.
TIQUINHO – Pouquinho.
TIRAR A HONRA – Desvirginar; deflorar.
TIRAR O CHOCO – Apanhar muito; sova grande.
TIRAR O CORPO – Se mandar; dar o fora.
TIRAR REISADO – Andar de casa em casa; fazer visitas.
TIRINETE – Coisa grave; confusão.
TIRRINA – Utensílio feito de barro.
TISGA – Tuberculosa.
TIÚBA – Preguiça; ressaca.
TOCA – Brincadeira infantil; pega-pega.
TOPE – Do mesmo tamanho; da mesma estatura.
TOPETE – Ousadia; falta de respeito.
TORAR – Arrebentar; cortar.
TRAJE – Roupa feita especialmente para certa ocasião.
TRAMELA – Peça de madeira usada para fechar portas.
TREMPES – Grades do fogão.
TREPEÇA – Coisa velha; de pouco valor; quinquilharia.
TRESVALIAR – Delirar.
TRIBUFU – Pessoa feia e gorda.
TRIETE – Está por um fio.
TRIPA GAITEIRA – Parte do intestino.
TRISCAR – Encostar de leve.
TROCENDO – Fazer pressão para os dois lados.
TROÇO – Coisa ou pessoa de pouco valor.
TRONCHO – Torto; inclinado.
TROUXA – Fardo de pano.
TRUAR – Acontecer.
TRUPICAR – Tropeçar.
TRUSSUI – Pessoa gorda; mal feita de corpo.
TRUVEJO – Confusão com muito barulho.
TRUVISCADO – Bêbado; um pouco tomado.
TUDO QUANTO AI – Completo; tudo.
TUNTUM – Ombros.
TUTUBIAR – Andar tropo; meio bêbado.

"U"

UM NACO – Um pouco; um pedaço.
UM TACO – O mesmo que UM NACO.
UMA HORA DESSA – Qualquer hora ou tempo; sem definir exatamente quando.
UMBORA! – Vamos!
UNHEIRO – Unha inflamada nos cantos, unha encravada.
URUCUBACA – Azar.

"V"

VALA MEU DEUS! – Valei-me Deus!
VANGLORIAR – Contar vantagens.
VARAPAU – Pessoa muito alta e magra.
VARIANDO – Endoidando; tresvariando.
VENTA – Nariz.
VENTO CAÍDO – Dor de barriga; diarréia.
VEXADA – Apressada.
VIAJANTE – Representante comercial; caixeiro viajante.
VIRADO NA PESTE – Irado; disposto a tudo.
VIRADO NUM TRAQUE – O mesmo que VIRADO NA PESTE.
VIRADO NUMA CACHORRA – Com raiva; valente.
VISAGE – Assombração; fantasma.
VITALINA – Solteirona.
VIXE MARIA! – Expressão de admiração; surpresa.
VOLTA – Cordão; colar.
VÔTI – O que é isso?

"X"

XELELEU – Bajulador; adulador; puxa-saco.
XIBIU – Jogo infantil com pedras.
XIXELAR – Usar sapatos como se fossem chinelos; com os pés por cima da parte traseira do sapato.
XIXELENTA – Arrastando os chinelos.
XÔXA – Sem graça, desanimada.

"Z"

ZAMBETA – De pernas tortas.
ZAROLHO – Caolh; vesgo.
ZINGA – Azar.
ZININDO – Apressado; muito rápido.
ZUADA – Barulho; gritaria.
ZUADENTO – Barulhento.
ZUNHADA – Arranhar com as unhas; unhadas.
ZUNZUM – Fofoca; conversa por alto; boatos.
ZURUÓ – Tonto; lerdo.




AGRADECIMENTOS A autora agradece a todos que colaboraram com críticas e sugestões nesta edição:


Ana Ferro de Almeida (In memorian)
Ana Patrícia Bezerra Pinheiro
Andréia Férrer de Souza Alencar
Antônio Torquato de Araújo
Carlos Augusto Monteiro Braga
Eldon Férrer de Almeida
Eliane Férrer de Almeida
Eliano Férrer de Almeida
Elza Maria Férrer de Almeida
Elziene Férrer de Almeida
Francisco Nilo Torquato Aquino
Hilnê Costa Lima
Isac Torquato de Araújo
Isaías Torquato de Araújo
Isolda Bezerra Lima
Jeová Batista de Moura
João Tomás Neto


José Moreira Lima Júnior
Ledy Férrer Costa e Silva
Lúcia de Souza Férrer
Luciene de Souza Férrer
Maria de Lourdes Teles Couto
Marilê Ferro de Almeida Couto
Marluce Férrer de Sousa
Marly de Sousa Romeu
Onese Férrer de Sousa
Paula Salete Barros de Almeida
Pollyanna de Almeida Couto
Rosina Lôbo (In memorian)
Tícia Maíra Couto
Vicência Bispo (In memorian)
Vicente de França (In memorian)
Wallote Férrer Herbster(In memorian)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

ARQUITETUTA DE LAVRAS


IGREJA DE SAO VICENTE FERRER


Fachada:
Estilo Neo-clássico.
- frontispício reto. (1º e 2º período)
- simália reta (1º e 2º período)
- elementos decorativos em toda a fachada.
Torres:
- duas torres
- cobertas por folhas de alumínio.
Altares:
- presença de folhas e frutos nos entalhes.
- ninchos (2º e 3º período)
- presença de colunas e voluptas
- elementos decorativos grandes
- 3 imagens maiores, a de São Vicente Férrer, Santana e São José. - presença das cores azul, branco e dourado (pequenos detalhes).
Altares Laterais:
- 2 paralelo ao Altar principal, cada um, possui 3 imagens.
- 2 paralelos a porta principal, possuindo uma imagem cada.
- Todas as imagens são datadas do Século XIX, em papel machê.
Teto:
- uma pintura simples, sem técnicas, mas que expressava a inocência do povo daquela época.
- no teto são pintadas nuvens e o fundo de cor clara.
Piso:
- mosaico nas laterias (substituído por cerâmica na entrada).

sábado, 12 de fevereiro de 2011

SABENÇA DE CABOCLO - Emerson Monteiro

Talvez por pretender contrariar o princípio de que cavalo ruim se vende longe, Chico Ivo tratou de camuflar muito bem a deficiência do animal com a instala-ção mais do que perfeita de outro belo rabo no baita cavalo luzidio, untado com esmero numa mistura gosmenta de breu e cola de marceneiro, disfarce primoro-so da alisada vassoura de longos fios selecionados.
Junto ao toco, implantara a nova cauda, recolhida de outros bichos no decorrer de longos meses, cabelo a cabelo, que, de firme, mostrava-se suficiente para confundir os maiores especialistas, como deixará provado. Concedia, inclusive, ao equino ginga do tanto de esboçar ligeiras e saudosas abanadas, qual nos ve-lhos tempos de inteiro.
Bom, foi assim que resolveram desafiar o furdunço da feira de Lavras da Man-gabeira, buscando o pátio dos bichos, onde não teve mesmo quem viesse de no-tar a gauribagem. Tudo limpo no céu do meio-dia.
Interessados não custaram a aparecer com suas pretendências e propostas. E-xaminavam o cardão de cima a baixo, coleando a pelagem, friccionando o lom-bo, sempre cuidando de olhar dentes, cascos, orelhas, na mania dos espertos. Porém foram, de verdade, os ciganos que primeiro se fixaram na intenção explí-cita da compra, seguindo logo, logo, saber do preço.
Conversa vai, conversa vem; regateia daqui, regateia dali; negócio realizado. Ca-bresto na mão, dinheiro no bolso, e, satisfeitos, certos de uma boa transação, restava aos negociantes pegarem estrada e buscarem o destino da tropa nas es-tradas poeirentas do sertão.
...

Passadas se foram algumas luas, ritmo obediente das coisas naturais. A tranquila cidade mudou quase nada em meio à falta de acontecimentos marcantes.
Lá noutro dia, noutra feira de grande movimento, gente muita, muita animação comercial, difícil até de se achar quem se procura entre as tantas caras, eis com quem Chico Ivo se defronta, de imediato reconhecido... Com os mesmos ciga-nos que lhe haviam adquirido o cavalo. Vinham de longe acenando, para garan-tir o encontro casual inevitável:
- Ganjão, ganjão! Aguarde um pouco que seja.
- Não quero nem saber, - reagiu enfático o antigo proprietário do animal. - Ne-gócio feito ninguém desfaz. Fechado está, assim restará.
E quão admirado ficou da resposta que lhe veio do cigano à frente dos demais:
- Se despreocupe, ganjão. Nosso objetivo é outro. O que passou tá pra trás. Vi-emos aqui foi lhe fazer uma outra proposta, de que o senhor aceite, a partir de hoje, seguir com a gente e chefiar nosso bando.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O RIO SALGADO, A CIDADE E A JUVENTUDE.

Elano, Eliano, Émerson e Biscúcia - 1972.
Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, o Rio Salgado foi ponto de encontro e de lazer da juventude lavrense. As manhãs ensolaradas da cidade convidava a mocidade para um belo banho nas águas do Rio. Havia uma divisão natural e social desses encontros, devido ao preconceito e cuidados paternos da época, as mocinhas, se encontravam em um ponto acima da barragem, o Guegel, de propriedade de Dona Rosaly, e os rapazes desfrutavam do Porto das Canoas e da Barragem, onde faziam algazarras, contavam anedotas e tomavam sua cachacinha. Sempre desejando ver as meninas em trajes de banho que estavam a poucos metros dali. As vezes alguns dos meninos, os mais destemidos, arriscavam brechar por entre as árvores do Sítio de Dona Rosaly, as belas moças que se deliciavam das águas e das conversas descontraídas com as companheiras.
A tardinha outro local do Rio também servia de encontro de toda a juventude, A Ponte, ali as mocinhas ficavam a passear e paquerar com os rapazes, saindo até famosos namoros e eternas paixões.
Já na década de 1970, o Rio Salgado continuou sendo o ponto de encontro e lazer de toda juventude lavrense, mas nessa época não só os rapazes como também as moças e crianças desfrutavam do mesmo espaço, a barragem e os coqueiros, Sítio de Dona Maria Gregório, eram frequentados por toda a juventude lavrense, onde acontecia as paqueras, as biritas, as brincadeiras e tudo era uma grande festa.
Texto: Cristina Couto.

ÁLBUM DE BRUNO PEDROSA


As penetrações pioneiras e a ocupação do solo do médio Salgado, no sul do Ceará, das quais se tem notícia, datam do último quartel do Século XVII. Apossando-se daqueles terrenos, que amanhavam e onde criavam seus gados, os desbravadores, oriundos não apenas de Portugal, mas ainda, e, sobretudo, de capitanias do território pátrio, passaram, posteriormente, a requerê-los aos capitães-mores governadores da Capitania do Ceará. Atendidos eles em suas solicitações, as sesmarias doadas formaram os lastros das antigas propriedades rurais. Uma delas chamou-se Mangabeira.
Quando, aos primeiros anos da segunda metade do século XVIII, se processou, em alguns pontos do sul cearense, a exploração do ouro, esse trabalho estendeu-se a fazenda mangabeira, alias com resultado insatisfatório. Por esta razão, em 1758 uma ordem régia determinava se sustassem as lavras ou extrações de minérios. Assim, os mineradores tiveram de dispersar-se, indo cuidar das atividades agropecuárias. Na Mangabeira, todavia, permaneceu um aglomerado humano, com o nome de Arraial de São Gonçalo, pouco depois Povoação de São Vicente Ferrer das Lavras da Mangabeira, em virtude de a capela ali construída haver sido dedicada ao famoso taumaturgo dominicano.
Na sexta década do século XVIII, a povoação já era tida como florescente e em condições de erigir-se em vila. Com efeito, de uma representação da Câmara de Iço, datada de 25 de novembro de 1767, consta a conveniência da sua criação, por já ser o lugarejo assaz povoado e possuir “gente capaz de servir os diversos cargos”. Sua autonomia político-administrativa, entretanto, retardaria por cerca de meio século.
Face a uma provisão de 30 de agosto de 1813, instituiu-se a Freguesia de São Vicente Ferrer das Lavras da Mangabeira e, um triênio depois, através de alvará de 27 de junho de 1816, criou-se o município, com a elevação de povoado a condição de vila, sob a denominação oficial de Vila de São Vicente das Lavras, cuja instalação se deu a 8 de janeiro de 1818. Na ocasião, frente a Igreja-Matriz, fixou-se o pelourinho, indicador da “supremacia local, sinal heráldico da vila que se erigia”, marcando “a nobreza da sua comunidade política”.
Decorridos sessenta e seis anos, já instituída a comarca, fato ocorrido em 23 de agosto de 1873, a Vila de São Vicente das Lavras,

por força de lei provincial de 20 de agosto de 1884, era elevada a categoria de cidade. Um decreto de 30 de dezembro de 1943 recuperava seu antigo, histórico e evocativo topônimo: Lavras da Mangabeira.
Da extração do ouro em meados do Século XVIII, precisamente na fazenda da Mangabeira, conforme se registrou, proveio o nome da localidade. Aquele fato dera origem, ali, a algumas lendas, todas ligadas a metais preciosos. Segundo uma delas, por baixo do altar-mor da Igreja de São Vicente Ferrer passa um descomunal filão de ouro. Ali, também, sempre se narraram histórias soterramento de espadas de ouro, de utensílios e depósitos refertos de ouro e prata. Mil fascinantes, entanto, são as narrativas fantásticas envolvendo a caverna do boqueirão, a majestosa garganta aberta na serra, abaixo da cidade, por onde, na época invernosa, tranqüilo e belo, passa o Salgado conduzindo a totalidade das águas que descem do sudeste do Ceará.
Pelos meados do século passado, Lavras possuía muito poucas casas de taipa com frente de tijolo. Só a partir do último quartel daquela centúria, começaram a estruturar-se outras artérias. Eram sobremodo evocativos os nomes das vias públicas do pretérito, que constituem o núcleo antigo da velha cidade: Rua dos Alpendres (atual Padre Alzir Sampaio), Rua do Rio ou Rua da Beira do Rio (a hodierna Cel. Raimundo Augusto), Rua da Praia (depois Santos Dumont), Rua do Meio (atualmente Monsenhor Meceno), Rua do tabuleiro (posteriormente Major Idelfonso), Beco da Rua da Praia (ao flanco esquerdo da igreja) e Beco da Matriz (ao flanco direito).
Alguns dos imóveis integrantes do núcleo primevo merecem destaque por suas linhas arquitetônicas: a Igreja-Matriz de São Vicente Ferrer, reconstruída ao tempo do paroquiado do padre Raimundo Augusto Bezerra em ordem a ampliação do templo menor, edificado em 1803, pelo capelão padre Joaquim de Figueiredo Arnaud, no mesmo local da primitiva capela; o edifício da Cadeia pública, cuja construção remota ao ano de 1877; o sobradinho da rua Mons. Meceno, esquina com a Praça Getúlio Vargas; muitos casarões de residências da gente grada da terra, em geral rebentos da sua antiga aristocracia rural, vários deles pertencentes ainda a seus descendentes. Diversos desses prédios acham-se hoje descaracterizados, alguns inteiramente. Nem todos, porém, sofreram a deplorável ação deletéria da febre reformista.
As ruazinhas antigas de Lavras da Mangabeira foram testemunhas silentes de importantes eventos sócio-políticos da história provincial cearense e de outros que a estes sucederam, dos quais, ora, se referem alguns, dentre os mais remotos. A partir de 1822, sua população vê crescer o prestígio e influência da vila, através da atuação e projeção do filho da terra e primeiro vigário da paróquia, o padre José Joaquim Xavier Sobreira. Figura de prol dos movimentos libertários na gleba cearense, com assinalados serviços prestados a causa de independência, esse ilustre levita lavrense, depois de haver sido eleito procurador-geral da Província do ceará junto ao Conselho de Procurador-Gerais das Províncias do Brasil, integrou o segundo governo temporário cearense, em 1823, ano em que, também, se elegeu deputado a Assembléia Geral Constituinte.
Em 1823, aos 27 de abril, por ali transitava, procedente do litoral, e rumo ao Piauí e Maranhão, a tropa chefiada pelo capitão-mor José Pereira Filgueiras, com a finalidade de combater João José da Cunha Fidié, que, naquelas plagas, a despeito da proclamação da independência do Brasil, criava empeços a nova ordem estabelecida. Já no ano seguinte, os comandados do mesmo capitão-mor Filgueiras, aos 24 de outubro, em marcha para o Crato, ocupavam a vila destruindo o pelourinho substituindo a bandeira imperial pela republicana. Ainda em 1824, lá eram detidas as forças de Pernambuco e Paraíba, fugitivas de suas províncias, em face de esmagação do movimento revolucionário da confederação do equador. Entre os prisioneiros, encontrava-se o idealista e bravo frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Dali partiram, escoltados, no dia 16 de dezembro daquele ano, em direção ao Recife.
Ao tempo de guerra civil absolutista do Coronel Joaquim Pinto Madeira, irrompido no extremo sul do Ceará, no ano de 1832, Lavras serviu-lhe como um dos mais relevantes cenários. Naqueles tropéis de forças antagônicas armadas, agindo, especialmente, todo o meridional da Província, a Vila de São Vicente transformou-se, por vezes, em ponto de concentração e de resistência, sendo, aos 21 de março daquele ano, invadida pelas tropas legalistas.
Tablado de acontecimentos assim marcantes e, no sul cearense, um dos salientes centros de irradiação dos movimentos a prol da independência pátria, Lavras, nada obstante, apresentava no passado, quiçá mesmo em conseqüência de toda essa ebulição, aspecto físico pouco ou nada lisonjeiro. Efetivamente, quando em 1838, era visitada por George Gardner, esse respeitável naturalista escocês, fazendo-lhe interessante registro, assegurou, a certa altura do seu depoimento, que a vila “continha de oitenta a cem casas, todas pequenas e muitas caindo em ruínas”. Já em fins de 1859, ao demorar-se na localidade, a célebre Comissão Científica de Exploração encontrou-se “pequena e tristonha, com duas escolas primárias e uma igreja...”
Todavia, nas últimas décadas do século em transito até princípios do vigente, Lavras logrou prosperar. Foi quando passou a constituir-se em razoável centro comercial, e as localidades mais próximas se lhe tornaram satélites. Surgiram, então, mais algumas artérias, e as antigas tiveram seus imóveis reconstruídos ou melhorados. Desde essa fase da história lavrense, se regular desenvolvimento econômico, as famílias abastadas se preocuparam mais com o encaminhamento dos filhos aos centros adiantados, onde pudessem habilitar-se para os cursos superiores que não poucos vieram a concluir.
Essa, outrossim, a época em que Lavras mais se notabilizou pela vigência, ali, de uma das mais célebres e vigorosas oligarquias nordestinas – a família Augusto. Na verdade, alicerçada na casa-grande da fazenda do Logradouro de propriedade de Francisco Xavier Ângelo Sobreira, segundo capitão-mor e comandante-geral da vila e genitor do sobredito deputado José Joaquim Xavier Sobreira, a referida oligarquia, famosa e aguerrida, consolidou-se mercê do irrecusável prestígio do categorizado chefe político major João Carlos Augusto, tronco da supracitada linhagem. Ressalte-se que o domínio oligárquico dos Augustos de Lavras, de singular notoriedade, de marcada atuação e de decisiva influência na atividade política do ceará, atingiu o fastígio enquanto teve por personagem central a destemida dona Fideralina Augusto Lima.
A notável matrona sertaneja em apreço, considerada uma das figuras femininas de maior projeção na vida política cearense, fora dotada de tal capacidade de liderança, dominação e influência que entrou até mesmo para o terreno lendatário.
Celeiro de personagens de real valor, de legítimos mandões e oligarcas, Lavras se constituiu, por isso, em cenário de arraigadas rivalidades de origem político-partidária, causadoras de contundentes atos de violência e de funestas lutas fratricidas, responsáveis por seu declínio, após um período de certa florescência, e sua estagnação ao longo de algumas decúrias.
Hodiernamente, no entanto, a cidade experimenta um novo surto de desenvolvimento. Lá estão para atestá-lo as novas e modernas ruas, praças e edifícios, os estabelecimentos comerciais e os de prestação de serviços, educandários, hospitais, agências bancárias, indústrias, clube ou centros sócio-recreativos e assistenciais, meios de comunicação, entre outros órgãos e entidades que lhe conferem os foros de comuna de fato progressista.
Registre-se, ademais, que Lavras da Mangabeira ressai, notadamente, qual berço pródigo de um povo operoso e inteligente, bem assim de numerosos filhos insignes. Neste tocante, afirmou o historiador Dimas Macedo: “Dali alçaram vôo meninos sonhadores e inquietos que mais tarde se projetariam nas mais diferentes atividades humanas”. Em verdade, naquele chão fecundo, viram a luz do dia conselhos imperiais, ministros e secretários de estado, líderes políticos de nomeada, senadores, deputados, desembargadores, professores universitários, sacerdotes, cientistas, escritores, poetas, artistas, militares, médicos, advogados e, em, suma, profissionais liberais em profusão e em todas áreas, podendo-se, enfim, contar algumas centenas de graduados, vindos ao mundo sob aqueles céus.
Os lavrenses, ilustres ou não, como os demais bons filhos das boas terras ardorosamente s gleba dadivosa e bela do seu nascimento e se enternecem, fascinados por sua história, suas tradições e suas lendas. E os ausentes, quando retornam, no silêncio de sua tranqüilidade interior, comovidos e agradecidos, como o poeta Linhares Filho, bendizem o torrão natal, em amorável e terna confidência:
“Nossa Terra! Antes de seres Lavras da Mangabeira, foste a Mangabeira das Lavras, revelando-se bem tua natureza de árvore, natureza pela qual, completando o aconchego de colo materno do chão, abrigas, refrescas com tua sombra e alimentas com os teus frutos os teus filhos e os que moram em ti, como e extinta Mangabeira anciã, que acolhia os teus primeiros povoadores e os viajantes que passavam por teu solo. Posta em boa hora nos trilhos do progresso estás, no entanto serás sempre a doçura e singeleza da nossa eterna infância, o reencontro de nós mesmos, cansados e desfigurados pelos caminhos enganosos da vida, nós que vimos a ti, materno seio, para a queixa e o alívio."
Assinado por Joaryvar Macedo.


PÃO DE LÓ



Quem foi que viajou no trem de Lavras com destino a Fortaleza, que não lembra ou ainda não trás na memória o cheiro e o sabor do Pão-de-Ló que era vendido na Estação do Arrojado, aquela aridez do sertão cearense contrastando com a doçura daquele bolo.
Sob a tutela da cozinha de Dona Rosinha que com suas mãos de fada preparava sua receita infalível e na hora da passagem do trem seu pão-de-ló com café eram vendidos aos passageiros cansados e ansiosos que ao chegar aquela estação sentia no ar o perfume que deixava a boca cheia d’água. A questão não estava na receita, estava mesmo era no jeitinho de fazer. Isto de cozinhar tem seus segredos... Que só uma boleira como ela sabia dizer.
Hoje quando pergunto aos que provaram daquela delícia, qual gosto tinha? As respostas sempre são as mesmas, ou seja, que tinha o gosto do céu, mesmo tentando uma descrição minuciosa, deixa entrever o significado daquelas lembranças para os filhos da terra que não encontram palavras para explicar aquele sabor. Sabor de terra, sabor de juventude, sabor de outrora.


Bolo de Pão de Ló

Ingredientes
-3 xícaras de chá de trigo
-1 copo tipo americano de leite fervendo
-3 colheres de manteiga
-6 ovos
-1 copo de açúcar
Modo de Preparo
Bata as claras em neve e acrescente as gemas, o açúcar e o trigo,
batendo na velocidade máxima.
Enquanto bate, ferva o leite com a manteiga e acrescente na massa,
é só misturar e colocar a massa na fôrma untada e colocar para
assar por 30 minutos, variando de forno para forno.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ENGENHOS DE RAPADURA


Os engenhos de Cana foram por muitos anos uma das principais atividades agrícola de Lavras da Mangabeira. Nos meados do século XX o município contava com 115 engenhos, movimentando a economia local. Hoje estão todos desativados, alguns nem existem mais. Uma vez por ano um bravo agricultor se aventura a “moer” uma produção pequena para o consumo caseiro. Atualmente em Lavras existe, apenas, em estado precário de conservação um único Engenho movido a carro de boi, o Engenho do Olho D’água. Se não houver uma política de tombamento, restauração e preservação essa nossa parte da história desaparecerá.

SEQUILHOS



Durante décadas a cidade de Lavras da Mangabeira assim como tinha suas doceiras, existia também as biscoiteiras, senhoras que ponham a mão na massa e faziam deliciosos biscoitos, sequilhos, broas, charutinhos de goma que alegrava a garotada nas festas infantis e no café das tardes lavrenses.
No feitio de sequilhos três senhoras se destacaram pelo sabor e pelo capricho com os quais eram feitos. Nossa saudosa Rosina Lobo, que durante muitos anos encheu de sabor as comemorações natalícias com suas receitas apetitosas, destacou-se no Sequilho de Goma e mais tarde no Sequilho de Leite Condensado. Cencinha Bispo, também se destacou no feitio de Sequilhos de Goma e Dona Diva Teófilo no Sequilho de Coco. Receitas que tivemos o cuidado guardar para agora poder disponibilizar aos lavrenses essas delícias que com certeza todos recordam com saudades.



Sequilhos de Maisena
(Receita de Rosina)


Ingredientes:

03 – Ovos
800 grs – de Maisena
01 – Xícara de açúcar
01 – Colher (sopa) de Royal
02 – Colheres (sopa) de manteiga
01 – Lata de Leite Condensado.

Modo de Fazer:

Coloque a maisena, o açúcar e o Royal em uma tigela, faça uma cova no centro e acrescente a manteiga, o Leite Condensado e os ovos. Misture tudo muito bem, sove a massa até formar uma bola homogênea. Faça as bolinhas, achate com um garfo, arrume em tabuleiro untado com manteiga e leve ao forno na temperatura médio. Retire quando corar.

Sequilhos de Goma
(Receita Cencinha Bispo)


Ingredientes:

08 – Ovos
02 kg – de Goma
250 grs– de açúcar
01 – Coco ralado
½ kg de banha de porco sem sal
01 – Lata de manteiga Itacolomi (pequena)

Modo de Fazer:

Bata as claras em neve, junte as gemas o açúcar, a manteiga e a banha, deixando um pouco para untar os tabuleiros. Acrescente a goma e reserve. Numa panela leve ao fogo para esquentar o coco ralado com um pouco de leite de gado, acrescente a massa, sove bem até formar uma bola homogênea. Faça as bolinhas, achate com um garfo, arrume em tabuleiro untado com banha e leve ao forno na temperatura médio. Retire quando corar.

DOCE E TIJOLO DE LEITE

Doce de Leite

A cozinha lavrense tem sabores tropicais e sertanejos, com temperos peculiares, agradam aos mais exigentes paladares. Em geral, seus pratos refletem traços marcantes da cultura popular e da influência deixada pelos antigos moradores da terra.
O baião-de-dois, paçoca, macaxeira, sarapatel, sarrabulho, buchada. Muita gente não consegue resistir a uma panelada (cozido de vísceras e mocotó de boi), a buchada (saquinhos de pedaço de bucho, recheados com miúdos de carneiro), o sarrabulho (picadinho de vísceras e sangue talhado de porco). O hábito do consumo da carne de criação foi adquirida em função de nossas pastagens serem mais apropriadas para pequenos animais como carneiros e cabras.
Nem só de carne se alimenta o povo lavrense. Na sua mesa, são encontrados várias doces, são especialidades de Lavras, a rapadura, batida e alfenim. Produtos da cana-de-açúcar, o mais conceituado eram os produtos do Engenho do Pau Amarelo de propriedade de Dr. Luiz Augusto. Sem esquecer do tradicional “Tijolo de Leite”, “doce de leite” e “cocada de coco com rapadura.” Feitos por antigas doceiras que andavam pelas ruas da cidade com seus tabuleiros cheios de doces para entregar nas residências que lhes faziam a encomenda. Podemos registrar nomes de algumas delas que se tornaram famosas por se dedicarem à arte da culinária lavrense: As mais antigas Dodô e Andrelina, com o passar dos tempos Dona Gecina Gomes dedicou-se a arte e, atualmente, Terezinha Souza desempenha com muita presteza e eficiência o feitio dessa iguaria.

DOCE DE LEITE CREMOSO
2 litros de leite;
4 xícaras de açúcar(750 g)
Coloque o leite e o açúcar numa panela grande de fundo largo. Leve ao fogo médio, mexendo sempre com uma colher de pau, até ferver (cerca de 15 minutos). Diminua o fogo e continue mexendo até obter um doce marrom claro de consistência cremosa (cerca de 45 minutos). Passe o doce para um refratário, deixe esfriar bem e sirva às colheradas em pratos de sobremesa.
DICA: Para obter um doce com textura bem delicada e cremosa, é preciso mexer o leite sem parar. Primeiro para dissolver por completo o açúcar e depois para que ele caramelize por igual e não forme grumos (bolas) no fundo da panela.

TIJOLO DE LEITE

Ingredientes
4 litros de leite
6 copos de açúcar

Modo de fazer

Misture todos os ingredientes e leve ao fogo em panela grossa, mexendo bem para dissolver completamente o açúcar. Continue mexendo de vez em quando. Quando começar a engrossar, passe a mexer continuamente até o ponto de bala mole.

Para saber se está nesse ponto, faça o teste. Com uma colher, pegue uma pequena porção e ponha numa xícara com água fria. Se o doce dentro da água "juntar", e der consistência, está na hora de desligar o fogo.
Bata com colher de pau até ficar bem firme. Antes que açucare, despeje na forma. Deixe esfriar para desinformar.

BALAS E BOMBONS

Bala de Café

Os doces caseiros, os pirulitos, os bombons e as balas também faziam parte do cotidiano lavrense, especialmente, para quem foi criança até a década de 1960, pois na nossa cidade as guloseimas não chegavam tão facilmente, por isso, esperávamos que o relógio da Igreja Matriz indicasse uma hora da tarde. Hora dos vendedores de doces passarem vendendo todo os tipo de doces conhecidos e apreciados da meninada e dos adultos também.
Nós ficávamos nas portas das nossas casas, espiando pras bandas do cemitério, pois de lá vinha o neto de João Trubano com sua Tábua cheia de pirulitos em forma de uma pequena sombrinha, envolvidos em papel de seda branco com um palito fino extraído da palha do coqueiro no centro. Depois, passava Danda, uma senhora simpática e muito faceira com sua tigela de ágata, trazendo no seu interior as famosas e gostosas balas de imburanas enroladas em papéis de seda colorido que escolhíamos cuidadosamente para não repetir as cores. Quem não lembra do alfinin de açúcar? Feito por Dona Adelice e vendido por um dos seus filhos, percorrendo as ruas da cidade com um tabuleiro na mão coberto com um pano de algodão de uma brancura que fazia gosto comprar. Agora se o nosso desejo fosse chupetas de açúcar tínhamos de ir correndo até o café de Maricô, localizado na Rua da Umarizeira,
para comprar aqueles doces em formato de cachimbo, chupeta, corneta e muitos outros modelos, expostos a venda em um grande vidro em cima do balcão, onde se misturava a bolos, broas, cachaça, refrescos e uma difusora que a partir das 18 horas tocava os sucessos da época para divertir seus fregueses.
Como se não bastasse tantas delícias nossas mães ainda faziam balas de café, outra guloseima muito usada pelas famílias lavrenses, costume que perdura até hoje.
Eram tardes alegres e doces para a criançada que se divertia na rua, nas calçadas e na praça, criando brincadeiras e contando estórias para se divertir e passar o tempo. O tempo se foi, mas as lembranças às receitas ficaram. Agora vamos ensinar como fazer essas delícias, trazendo até vocês um pouco daquele sabor e um pouco de recordação de Lavras de outrora.


BALA DE CAFÉ
Ingredientes:
1 copo de café forte
3 copos de açúcar
1 copo de leite
8 colheres (sopa) de mel
1 gema
1 colher (sopa) de margarina
1 colher de farinha de trigo
Modo de preparo:
Misture os ingredientes e leve ao fogo até dar o ponto de bala (ponto de fio). Despeje numa assadeira untada e deixe esfriar, passe goma nas mãos, faça as bolinhas enrole em papel celofane.